quali nutri consultoria

segunda-feira, 26 de março de 2012

Riscos e cuidados no consumo do sódio


 
 
    
O sódio e a saúde do brasileiro, há tempos, não se entendem. Cada vez mais comum, o diagnóstico de hipertensão arterial em pessoas com mais de 55 anos já chega a metade da população (50%), segundo o Ministério da Saúde (MS). O problema, dizem os especialistas, começa com hábitos cultivados desde a infância e, principalmente, durante a adolescência. Meninos e meninas entre 14 e 17 anos preferem comer doces, bombons e chocolates (50,9%) ou consumir refrigerante (37,2%) a alimentar-se com frutas frescas (31,5%), de acordo com pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2009.

Para tentar conter as estatísticas e incentivar hábitos mais saudáveis entre os brasileiros, em abril do ano passado, o MS assinou a primeira fase de um acordo com representantes da indústria alimentícia prevendo a redução gradual de sódio, principal componente do sal, em 16 categorias de alimentos – aqueles mais consumidos. O documento define o teor máximo de sódio a cada 100 gramas em alimentos industrializados e estipula metas que devem ser cumpridas pelo setor produtivo até 2014 e aprofundadas até 2016. Nesse primeiro momento, o foco esteve sobre as massas instantâneas, o pão de forma e as bisnaguinhas.

Em dezembro último, o ministro da saúde Alexandre Padilha assinou nova fase do acordo, em que serão detalhados os limites de sódio para os alimentos que estão entre os mais consumidos pelo público infanto-juvenil. Incluem-se, nessa etapa, sete categorias: batatas fritas, pão francês, bolos prontos, misturas para bolos, salgadinhos de milho, maionese e biscoitos (doces ou salgados).

O objetivo da iniciativa é acompanhar a utilização de sal e outros ingredientes com sódio pelas indústrias, pretendendo assegurar a diminuição de tais componentes em alimentos processados. Dessa forma, o acordo determina o monitoramento das informações de rotulagem nutricional e análises laboratoriais dos produtos disponíveis no mercado. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) também participa do acordo. Pelo Ministério da Saúde, o compromisso das associações do setor alimentício envolve todos os seus associados, portanto trabalha-se na perspectiva de que seriam as empresas que representam, em média, 70% do mercado brasileiro.

Segundo o coordenador-adjunto de alimentação e nutrição do Ministério da Saúde, Eduardo Newton, a diminuição do consumo de sódio, no Brasil, é uma das estratégias do Governo Federal para o enfrentamento de doenças crônicas, como hipertensão arterial, de doenças cardiovasculares, de problemas renais e de cânceres. Ele reforça que o empenho, que vem sendo firmado entre Governo e indústrias, visa também adequar-se à recomendação de ingestão máxima da Organização Mundial de Saúde (OMS), que é de menos 5 gramas de sal (uma colher de chá) diários por pessoa. Tal meta deve ser alcançada até 2020, segundo a OMS.

“O brasileiro consome, em média, 9,6 a 12 gramas de sal por dia”, diz a nutricionista Sônia Castro, professora do curso de Nutrição da Universidade Estadual do Ceará (Uece), referindo-se à importância do acordo e à necessidade de adaptação dos brasileiros. O endocrinologista Renan Montenegro reforça que problemas relacionados ao consumo de sal ou sódio atinge cerca de 25% da população adulta, em variadas faixas de idade.

Assim, acredita o médico, se tal ingrediente for controlado nos primeiros anos de vida do indivíduo há menos riscos de doenças relacionadas ao excesso de sódio anos mais tarde. “Estudos demonstram que a redução do consumo de sal na infância e adolescência diminui os casos de hipertensão e doenças cardiovasculares na maturidade”. Por isso, sustentam os médicos, é tão importante para os brasileiros a assinatura e o cumprimento da segunda etapa do acordo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário